O som do silêncio marcou a palestra de sábado (01) para os alunos da turma 2022 do Projeto Preparando o Futuro. Principalmente quando o momento era de enaltecer através de palmas as palestrantes da manhã. Já que as palmas em Libras são apresentadas através do chacoalhar as mãos, foi assim que a turminha agradeceu à jovem, Giovanna de Fátima Cândido Pereira, aluna da turma 2021, e à intérprete de Libras, Andréa Poletto, que apresentaram uma palestra sobre a Cultura Surda.
Giovanna foi aluna da turma de 2021 e se tornou muito querida de toda a equipe ABCJ por ter conquistado por méritos próprios sua vaga e por ter participado ativamente das aulas por todo o ano passado, mesmo diante das dificuldades impostas pela Pandemia, com as aulas remotas e on-line. Ela quase não teve faltas, entregou todos os trabalhos e reflexões propostos e sempre encarou tudo com sorriso no rosto (ainda que muitas vezes escondido pela máscara), de forma participativa e propositiva. Ela, que é surda desde que nasceu, e a intérprete Andréa apresentaram dados da Cultura Surda para os alunos desse ano e mostraram um pouco dos sonhos e das conquistas da Giovanna, que já trabalha e faz faculdade. A turma ainda foi surpreendida por uma bela interpretação da música “Um mundo bem melhor”, composta na mesma melodia de “We are the word”.
A aluna Larissa H. de Oliveira, que também atua como intérprete, ficou muito animada com a apresentação e com o fato de poder se comunicar com Giovanna. “Libras faz parte da minha vida desde 2018/2019. É nossa segunda língua. Por que não nos interessamos em aprendê-la? Nós, intérpretes e membros da comunidade surda, nos deparamos todos os dias com situações lamentáveis. Muitos surdos do meu convívio relatam que são maltratados e até humilhados em locais que deveriam ser acolhidos, como farmácias, hospitais. Desde que consegui me comunicar com um surdo percebi que esse era meu dom e minha missão. Sejamos inclusivos! Sejamos pessoas melhores para o mundo e para nós mesmos”.
A jovem Ana Louisa Rosa Prates também se mostrou empática à causa. “Às vezes as pessoas são muito preconceituosas por não conhecerem essa Cultura Surda, e a Giovanna mostrou que nada do que fazemos sendo pessoas com audição é impossível para ela. Ela é ótima, inteligente, simpática e todo o esforço dela com certeza deve ser reconhecido. A acessibilidade no mundo em geral é muito falha: no mercado de trabalho, nas escolas… Essas palestras são de grande importância para abrir a cabeça de todos, para terem mais compaixão e empatia com o próximo”, avalia.
A estudante Bruna Xavier também está tendo contato com a questão da surdez. “Atualmente, realizo um trabalho de conclusão de curso sobre a Cultura Surda e os Desafios no Mercado de trabalho. É como estar numa bolha, pois me pergunto por que nos lugares que frequentamos não há surdos. Devemos tornar a acessibilidade em realidade, gerar essa preocupação em todos nós. A inclusão deve ser efetiva. Devemos nos cobrar, nos preocupando em incluir todos nos nossos ambientes. Espero que a palestrante conquiste tudo que ela almeja!”
“Libras deveria ser obrigatório e ensinado nas escolas, pois assim seria mais ‘confortável’ para os surdos saírem de casa sem a ajuda dos pais ou pessoas que sempre estão com eles, como até mesmo para irem a escola, fazer um curso, passear… É muito bonito ver como a Giovanna é esforçada e não deixa a surdez a atrapalhar no que ela quer e sonha. E como é triste saber que existe uma grande exclusão social para essas pessoas”, comentou a estudante Giovana B. da Silva.
A jovem Beatriz Caroline Evaristo ficou impressionada com a dedicação da ex-aluna da ABCJ. “Existem tantas dificuldades e ver que pessoas como a Giovanna não usam isso como desculpa e sim como motivação é muito importante. A língua de sinais deveria ser algo mundialmente obrigatório, não apenas para quem convive com o surdo, mas para nos ajudar a ajudar o outro. A inclusão dentro das escolas e das empresas é falsa, falha, inexistente. O surdo é alguém como nós, com a diferença que usa uma linguagem mais bonita”.
EQUIPE ABCJ