Os estudantes da turma 2021 do Projeto Preparando o Futuro da ABCJ não tiveram aula presencial no sábado (09). Mas nem por isso deixaram de estarem integrados e participando das atividades recomendadas. Como o dia 10 de outubro é considerado o Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher, a proposta da Equipe Técnica foi que eles assistissem a um vídeo da palestra feita pela publicitária Juliana Wallauer, do podcast Mamilos, para o Ted, intitulado “Por que elas não vão embora”. A ideia é buscar entender a realidade das mulheres que passam pela experiência da violência. E os alunos não desapontaram. Produziram textos intrigantes e muito inteligentes.
Para a estudante Hana, a humanidade já evoluiu no que diz respeito à legislação, mas há muito a ser feito. “Os altos índices nos levam a questionar porquê isso ocorre, se hoje temos recursos, leis e direitos com objetivo de proteger mulheres das agressões. São inúmeros os fatores e eles têm suas raízes em diferentes cenários, mas que em nenhum deles a vítima se encontre como culpada. Precisamos estar sempre atentas aos mínimos sinais e indícios, nos unirmos e tomarmos posse da empatia. O julgamento é inaplicável quando não vivemos a realidade e não temos os mesmos valores”, alerta.
O jovem Vitor Hugo também destacou a inaplicabilidade do preconceito. “Algumas pessoas falam que as mulheres que sofrem violência doméstica são burras, não têm amor próprio, sofrem porque gostam… Não é bem assim. A maioria das mulheres não abandonam os agressores por diversos motivos: medo das consequências, ou porque são dependentes financeiramente, entre outros. Vale lembrar também que nada se resolve com agressão, e sim com o diálogo”.
A aluna Eduarda lembrou que historicamente as mulheres já sofreram muito. “Eu fico pensando: se em pleno o século XXI ainda é enraizado o machismo e o preconceito, quantas mulheres de antigas gerações não sofreram com isso e infelizmente não tiveram suporte para denunciar ou sair de casa? Quantas mulheres ouviram que a culpa das agressões era dela? O machismo estrutural ainda existe e o mito de que somos submissas aos homens persiste, mas não estamos sozinhas. Temos umas às outras (…) Não é só uma mulher contra o agressor: somos todas nós lutando por uma sociedade mais justa em um só grito: chega!”
O aluno Leonardo fez uma avaliação do papel do homem nesse contexto. “Carregando todo um peso histórico em relação à submissão e violência contra a mulher, toda uma geração vai ser afetada novamente se não revertemos essa herança violenta que assombra nosso país: trata-se da reeducação do homem de hoje para que possa refletir sobre o homem de amanhã. Da quebra de tabus que servem apenas para fortalecer o agressor, dos falsos valores e comportamentos que o homem recebeu de gerações antigas. Mas também envolve o fortalecimento e a união das mulheres para lutarem contra essa herança violenta”, avalia.
A estudante Luana calculou os dados da violência. “Segundo o site do Instituto Patrícia Galvão, cerca de 720 casos de lesão corporal são enquadrados na Lei Maria da Penha diariamente (…) Por ano daria mais 200.000 mil ocorrências. Isso precisa mudar! Temos de dar voz ao assunto. Nós, mulheres, temos que ter sororidade umas com as outras, pois juntas, lutando pelo respeito mútuo, podemos mudar o quadro de estatísticas e livrar muitas mulheres de serem vítimas do feminicídio, que é o ápice da violência. Não aceitar relacionamento abusivo, denunciar e conscientizar é o melhor a se fazer.”
EQUIPE ABCJ